Flores Tóxicas
Feridas abertas desabrochando
Emergindo de nossos olhos,
Flores na erosão ocular do crânio
Intoxicadas pela radioatividade do tempo
Corroem o terreno carnal das identidades,
Rostos trincados pela elipse dos sorrisos
Tornam-se canais abastecidos pelo orvalho
Venenoso que emana das flores
Irrigando nosso campo de mágoas,
Nossas quimeras mortas no coração
Tornam-se húmus de nossas almas doentes
Para um dia nossas plantas carnívoras
Chamadas de pálpebras, que todas as noites
Comem a nossa carne em sono
E velam nosso sofrimento velho,
Fecharem a boca para eternidade.