Manto sujo de hipocrisia

Hipocrisia, tão singela, fantasiada de brisa da manhã,

Me envolve com teu manto sagrado

Sinto o tecido de mil fios, tão finos, tão leves

Me entrego ao teu perfume árabe

deixando meus sentimentos em cada uma de suas dobras

Então, me confundo

já não sei mais o que é pele minha

o que é pele sua,

fecho os olhos e logo acordo em um espanto

seu manto me prende, tento mover-me

quero sair, não tenho permissão

o perfume antes tão doce

me enoja, tenho ânsia, quero chorar,

vomitar minhas entranhas podres

nesse manto sujo

a brisa tão suave da manhã,

Se transforma em raios de sol

quentes, que me tiram a visão

estou bêbada, tonta e perdida

o suor escorre de meus poros

misturando-se as minhas lagrimas

sou refém, estou perdendo meus sentidos

pouco a pouco, e de nada adianta gritar

porque essa hipocrisia que me prende

aos olhos externos

é um anjo doce que me protege

e sigo minha sina,

sendo ignorada por meus salvadores

estou presa nos braços do inimigo

que não deixa de ser eu mesma

O perfume árabe, o manto sagrado

nunca existiu, estou inerte

há uma hipocrisia suja

que veio do vomito podre

de minhas entranhas abandonadas