Rosa de Vidro

A rosa de vidro de meus sonhos

Desabrochou e partiu-se,

Uma chuva de pétalas de cristais

Despencou da cordilheira de minha alma

No éter da luz solar transluzindo os prismas

Produzindo um fantástico delírio multicor

Corri dentro de pensamentos

Para nadar na enxurrada de ilusões

Que corria na artéria da sarjeta da vida

Antes que ela desembocasse no fedor escuro de um abismo

Quando cheguei ao meu eixo

Não havia mais fluxo,

Não havia mais luz,

Não havia mais cores,

Apenas centenas de pétalas de vidro transparentes

Espalhadas as margens de mim

Numa tentativa de desespero

Cortei minhas mãos nas rebarbas de vidro

Dos cacos de meus sonhos,

Levantei-os acima de minha cabeça

Tentando expor-los a luz solar

Mas já era noite e o sangue de minhas mãos

Manchou os meus olhos

Minha visão turva contemplou o céu noturno

Pensando em um futuro iluminado

Por aquelas incontáveis luzes

Presas no manto negro da noite,

Mas essas luzes chegaram a mim

Já pertencendo ao passado,

Eram apenas fotografias sorridentes

Expostas na cabeceira do jazigo noturno

Para avivar a nostalgia – o epitáfio de imagens

Sons e cheiros de uma alegria melancólica

Desistindo, soltei as pétalas quebradas

De meus sonhos aos pés de minha vida,

Olhei para baixo e vi...

Vi a mim mesmo fragmentado

Com lágrimas de sangue nos olhos,

Vi centenas de pedaços de mim

Colados pelo sangue de minhas mãos.

Leandro Tostes Franzoni
Enviado por Leandro Tostes Franzoni em 12/08/2013
Reeditado em 14/03/2014
Código do texto: T4430372
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