A POESIA

Poesia sob encomenda não é poesia.

Poesia é matreira, sorrateira

Como erva daninha nos ladrilhos.

A poesia deve vir de onde

Menos se espera

E quando menos se espera,

Pois poesia é surpresa,

Poesia é como planar:

Nunca se sabe donde vem o vento

Ou para onde o vento leva.

Poesia marca a paisagem,

Como sinais de fumaça,

Desde os nossos ancestrais.

Poesia é como bocejo

Surgindo em hora imprópria,

Apropriando-se da gente,

Ou como espirro na biblioteca.

Poesia é dedo no olho,

É chiclete no sapato.

Poesia é tão desconcertante

Quanto fecho de calça

Que só emperra quando aberto

E nunca quando fechado.

Poesia é tão urgente

Quanto banheiro ocupado:

Não há rima que dê jeito!

Enfim, poesia verdadeira, para mim,

Deve nascer ao acaso

E ser persistente como capim

Nas frinchas das calçadas.

Paulo Pazz
Enviado por Paulo Pazz em 11/08/2013
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