A Volta das Orquídeas
As orquídeas nasceram de novo sobre a árvore grande,
dois cachos paridos antecipando a uma feliz primavera,
pingentes naturais argolando leve o tronco permissivo.
As parasitas da alma de alguém, que sonhava colorido,
alugaram a cobertura nobre num tronco de mangueira,
fregueses sazonais da natureza, aquarela programada.
Na verdade elas se preparam sempre para a explosão,
ao longo do ano são mendigas, as excluídas e despidas,
agora são rainhas cortejadas pelos súditos transeuntes.
Não percebem solidão, descaso, vivem só para os vivos,
para os colegas de estação que pousam um tempo curto,
na admiração da vida escassa, fixada em simples beleza.