Ervas Daninhas
"Colhemos aquilo que houvermos plantado,"
Já disse-me alguém, mas mal-informado
Da história real que ele nem leu,
Mas que pretendia haver-me contado.
O que ele não viu, não sentiu, e não sabia,
É que a vida às vezes vem ferir a flor,
Fazendo crescer, por entre o jardim,
Algumas difíceis ervas daninhas
Que ninguém plantou, sequer desejou,
Mas que sempre crescem aleatoriamente,
Tanto no passado quanto no presente
-Assim foi e tem sido, e para sempre, será...
E assim que colhermos a flor que plantamos,
Colheremos também as ervas daninhas
Que nós não buscamos, e nem desejamos,
Mas no caule da flor, deitam suas gavinhas.
E quem haverá de desistir da flor,
Quem haverá, por medo ou orgulho,
De deixar a flor secar sem cuidados
Tentando matar tal erva infernal?
As raízes trançadas, do bem e do mal,
Dormem sob a terra, que guarda seus filhos;
Quem colher a flor, colherá a erva,
Arrancando a erva, matará a flor.