Azul

No anônimo das horas

Passageiro da agonia,

Entre os muros do ir e vir;

No meio da rua,

Sob a brisa fria,

Sob as folhas soltas no asfalto...

Aquela mulher,

Inimaginavelmente linda me olhou nos olhos.

Falou-me qualquer coisa do passado,

Tomou pra si minha alma,

Calou minha boca com seu beijo profundo

E naquele instante me viciou.

Aquela luz,

Em pele pecado,

Cabelos negros rogados,

Numa nudez febril,

Consumia-me,

Encontrava-me e me perdia,

Num mundo feito a dois.

Desnorteado,

Embarcava numa viagem ensandecida,

De silêncio, de suor...

Mel, sussurros e gemidos de prazer.

Os corpos encaixados, como a desenhar a arte,

Nutriam-se do cio da vida,

Argumentando, entre as veias a necessidade do amor,

Para chegar ao inicio de todo o fim.