O Perdão de todos nós
Perdão se não escapei ao vício
Ao vício lógico, vicioso de viver a regra
E ser previsível
Se como em todos os outros,
Diferentes por toda a semelhança,
Meu passado ri do seu futuro óbvio
E as amarras do meu tempo
Aprisionam a liberdade que na fantasia me deste (dei)
Se eu tenho o céu e não sei voar
Se eu posso tudo e não sei escapar
Perdão se sucumbi às leis da Física
E à comida, ao amor e à bacia sanitária
Perdão se sucumbi ao analista.
E se agora mesmo seja eu repetitivo,
Me desculpe.
Eu sou natural
E isso me revolta.
Pudesse eu extravasar o papel
E ir além do sentimento e do conceito
Bem lá onde não há certezas nem limites
Bem lá onde mora a verdade
Mas não posso.
Porque não sou Deus
Não sou Eu
Perdão.