ESPELHO, ESPELHO MEU
 
Interrogo a mim mesmo num cristal
Perguntando porque me vejo assim.
Ele diz: - Eu não sei qual é o seu mal;
Só reflito o que você projeta em mim.
 
Perguntei se ele saberia esclarecer,
Sobre o que devo fazer no presente,
Para melhorar esta maneira de ser,

Ele responde: pergunte á sua mente.
 
Indago: onde será que se esconde 
A felicidade que meu olho não vê?
Impassivelmente ele me responde:
– Só mostro o que existe em você.
 
Quero saber sobre a vida futura,
Mas ele retruca com certo desdém:
– Só se encontra quando se procura,
Mas só se procura quando já se tem.
 
Digo que a imagem é muito triste,
Pois só machuca a minha vaidade:
Ele revida: – só mostro o que existe,
Meu trabalho é refletir a realidade.
 
Ao espelho confesso o meu desejo
De ver em mim algo que possa amar,
Ele fala:– não reflito o que não vejo
É você que necessita se arrumar.
 
O espelho é um amigo bem sincero:
Seja o que for, o que ele diz é verdade.
Pode não ser aquilo que eu quero
Mas com ele não existe falsidade.
 
E por fim ele me deu este conselho:
- Nenhum cristal pode ser microscópio.
Se você quer se ver bem no espelho,
Torne bela a imagem de si próprio.