O NAVIO NEGREIRO
A lua deformada era refletida no espelho negro das águas
E as estrelas dançavam freneticamente.
O navio negreiro sinistramente avançava...
Deixando pra trás lembranças da África.
Escravos seriam aqueles homens
Trabalhariam até a morte por nada...
Seriam açoitados durante todo o dia
E só a noite, nos sonhos, voltavam pra casa.
Mas o que era sonho, tornava-se pesadelo
Quando acordassem e vissem que aquilo era real...
Chicotes bailam no ar e cortam a carne
O sangue espirra e o carrasco vibra.
E ele faz com que o navio negreiro fique vermelho...
Seus filhos ficaram para trás
E jamais veriam novamente seus pais.
Depois cresceriam, deixariam de ser pequenos e fracos
Para também tornarem-se escravos...
O navio negreiro singra os mares
Deixando-os sempre mais longe de seus lares.
Logo estariam em terras estranhas, e por sorte...
Alguns não sofreriam tanto, pois logo...
Veriam a morte!
MARIO ALVIM
( Inspirado na obra de Castro Alves)