Três por Quatro

A morte olhou para mim

Olhou, com olhos ferozes,

Com sangue escorrendo na boca.

“Enfim eu te encontrei”

Ouvimos um do outro

Palavras duplicavam-se

Em nossa compartilhada escuridão

Eu não temi, não me desesperei

De certa forma ela sorria para mim

Sem ar, sem luz, sem vida,

Nenhum espaço entre nós dois.

O tempo se alongava indeterminadamente

Entreguei-me

Coloquei-me inteiramente a disposição

Daquela maldita senhora.

Eu sei o que vivi, como vivi.

Quem eu fui

Não tinha porque lutar,

Esbravejar

“Sou todo teu”

Até que vi sua verdadeira face

Minha verdadeira face

A morte estendeu sua mão

A direita

E aberta, na palma,

Uma pequena foto três por quatro

Eu sei quem eu fui

Na foto

Três por quatro

Meu velório

E todos visíveis nela

Ninguém!

Inexistente
Enviado por Inexistente em 04/08/2013
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