Três por Quatro
A morte olhou para mim
Olhou, com olhos ferozes,
Com sangue escorrendo na boca.
“Enfim eu te encontrei”
Ouvimos um do outro
Palavras duplicavam-se
Em nossa compartilhada escuridão
Eu não temi, não me desesperei
De certa forma ela sorria para mim
Sem ar, sem luz, sem vida,
Nenhum espaço entre nós dois.
O tempo se alongava indeterminadamente
Entreguei-me
Coloquei-me inteiramente a disposição
Daquela maldita senhora.
Eu sei o que vivi, como vivi.
Quem eu fui
Não tinha porque lutar,
Esbravejar
“Sou todo teu”
Até que vi sua verdadeira face
Minha verdadeira face
A morte estendeu sua mão
A direita
E aberta, na palma,
Uma pequena foto três por quatro
Eu sei quem eu fui
Na foto
Três por quatro
Meu velório
E todos visíveis nela
Ninguém!