Risos reservados
Numa térmica cheia de
café mora alguns dos
risos a mim reservados.
Não ajudam a viver, mas
tantas cousas não o fazem...
Consumo, engasgo, trago cego.
Queima mia língua parca, mo céu
volátil da boca. As veias rubras
que surgem nos olhos também queimam
e sigo acordado.
Sacia a sede, esquenta o peito,
aviva personagens antes mortas,
dá aspecto brilhante àqueles que também o tragam;
mantém confortáveis
alguns dos risos a mim reservados.
Na mesa de madeira é possível
distinguir garrafas lindas.
O dia enverga manto negro, a
natureza perde suas leis.
Ouço descuido do amante (que fui)
escolher u'a frase de amor
esdrúxula num momento carnal.
Com dor lancinante nos olhos, saudade, hálito azedo
tento dormir
e sigo acordado.