ENTREGA
(parafraseando a poetisa Ana Flor do Lácio, em seu poema "Não fale, poeta, apenas escreve. )
Escrevo, sim, e com mais ardor,
Porque, de ânsias, neu peito pesa,
Escrevo, sim, e com mais ardor,
Porque de alegrias estou pleno,
Escrevo, sim, para secar,
As lágrimas amargas já vertidas,
Traduzo em versos o que não ouso dizer,
Transfiro à pena alegrias e tristezas,
Faço dela a mortalha do meu silêncio,
E, assim, alardeio o amor,
Proclamo a beleza, o milagre da vida,
O insano desejo da felicidade plena,
A utópica miragem da perfeição,
Escrevo, sim, como castigo e perdão,
Como ufania e renúncia,
Como entrega e conquista,
Como pesadelo e dourado sonho,
Como guerra e paz,
Como amor e ódio,
Como desdita e sorte,
Até o dia em que cantarei a Morte!
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(não deixe de continuar lendo a poetisa Ana Flor do Lácio)