Cessará o grito?!

Dentro da noite Cósmica, perpétua e escura,

inadiáveis, acordámos na alvoradas dos

verdes ramos erguidos na mansa luz da Lua.

Lá fora, lá onde o Tempo impaciente se agiganta,

ramos agulhados, intercalados abraços,

varejam sustenidos ao som de compassos

melódicos e tristes. Pássaros retidos.

Os braços

em espera, adivinham-se. Sorriem contentes ...

(Que acalmadas, agitadas hastes, reclamam

a si, ninhos, poisos, afagos eloquentes.)

Por fim, cessará o Grito. Que além do Infinito,

onde o rio Nilo é já o aberto Mar, lá onde a gota

brota imensa, alaga orlas, margens d’aluviões,

ai, nesse lugar, searas ondulantes, ponteadas

de Rosas e Begónias,

murmuram em uníssono mitos, arcaicas estórias

de eternizados amantes, viajantes infantes,

plenos de sonhos, devaneios, delírios risonhos.

Falam-nos de que, sobre o veludo da luz,

se amam e se banham em profundo mergulho

d’ águas sacralizantes.

Um rio anil e mel, deslizará em olhares transparentes

em trotes de sinfonia e dança, na inocência de criança.

Mel de Carvalho
Enviado por Mel de Carvalho em 08/04/2007
Código do texto: T441656
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