VAIDADE
Tenho nas paredes mil relíquias
das mortes que me trouxeram aqui
Prefiro rua à mesa farta de migalhas,
nos sofás abandonados aos pés dos postes
descanso com melhor intimidade
do que na sala dos sorrisos comparsas
A tirania da lembrança judia do que ainda há de alma,
miséria do sentimento quando a decrepitude
é a realidade e se enxergar mostra
o quanto o tempo passou e não houve conta da decadência
ainda que a barriga caia menos que a face no solo
Famígeros personagens de trevas inventadas cuidadosamente
no chafurdário estimulam o erotismo vão das solitudes vulgares,
aonde a venda dos dentes na joalheria do senso comum
desfaz a complexidade da máscara
e o porquê dos olhos perspicarem com exatidão a mentira ambicionada,
sem outro interesse do que o enaltecimento à falta de grandeza,
apenas pela conveniência de uma vaidade em andrajo