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Esconde-esconde


Brinca de esconde-esconde
Olha-me de trás da cerca,
Sobe a montanha e escorrega
Para cada vez mais longe...

Fica por trás da cortina,
Queda-se dentro de um livro,
Ou pendura-se às palavras
Em busca de um abrigo.

Visita-me em noites insones,
Dorme aos pés da minha cama,
Mas desperta sempre antes
Que a manhã nos encontre.

Caprichoso e tão mimado,
Ele me olha, calado,
Nos mais imprópios momentos
Querendo ser escutado!...

Se não o ouço, ele foge,
Desembesta pela mata
Ou voa para as estrelas
E de lá, ele me olha...

Acorda-me nas noites frias
Arranhando a minha porta,
Uivando desesperado
Pelas minhas horas mortas.

Mas quando eu o chamo, ele vem,
E aconchega-se, feliz
Na barra da minha saia;
Não o perco por um triz!

Pega minha mão, paciente
Descrevendo alguma cena,
Nos recônditos da mente
Renascendo em um poema.








 
Ana Bailune
Enviado por Ana Bailune em 02/08/2013
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