É domingo
As ruas desertas de multidões
As praças desacompanhadas de gente
O farol reflete a poça de lama
É domingo
O momento de viver já passou
É hora de voltar para casa
Ligar a TV e ler o dia nas páginas de jornal
Com sorte um café morno
Um murmúrio entediado
E toda a tarde pela frente
Lá fora as nuvens rodopiam, o vento mexe as folhas
Cá dentro tudo é retangular e a cores
Não se tem ponto de chegada
Aliás, você já se viu, nem que seja no espelho, hoje?
Ainda há tempo para um último convite
Ver a vida passar
Cortando o dia como lâmina
Tudo passou
Mas ainda espero pelo gargalo do mundo
Na embriaguez que provoco
Para sentir por estrias do tempo
Que ainda resisto
Existo
Mas quem sabe amanhã eu mude de ideia
Ao abrir o olho para a vida com desânimo
De quem não a encontrou