CANTO 89

Amador Filho.

Sou um ser em holocausto; meu sonho fora um sacrifício continuado e silencioso, teve a fulguração de um círio ante um ídolo, como uma agonia de pétalas ante um altar, sob a crueldade da vida, quebrou-se como uma flor, evaporou-se como um incenso.

E eu te amei Lea, como duas crianças se amam, com a premência angustiosa do momento e da idade, com a casta idolatria das nobres paixões imortais.

Minha amizade foi pura, sincera, destituída de desejos vis, de sentimentos mesquinhos.

Como o zéfiro perpassando as rosas orvalhadas nas belas manhãs de primavera, tu passaste em minha vida, deixando uma esteira de sofrimento, de dor e de lágrimas.

Santa luz, primavera de 1961.

Sertanejoretado
Enviado por Sertanejoretado em 01/08/2013
Código do texto: T4414456
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