MAZELAS
Olho a cidade através da vidraça,
o sol que arde em meio a tanta fumaça,
nessa floresta de cimento e vidro,
o povo está perdido pra ganhar o pão,
tanta gente junto e ninguém se conhece,
meu Deus, que coisa mais sem graça,
a pior solidão é a solidão de tantos,
que vagam sozinhos pela multidão.
cada um tem seus problemas,
cada pessoa chora no seu canto,
uns sofrem pouco, outros penam tanto,
e assim cada um derrama seu pranto.
Sem ter solução a gente finge
que está tudo certo, que está tudo bem,
mas não tem condição,
a vida é muito mais que isso e eu quero ir além.
Daqui de cima sou só um olheiro,
vivo observando esse formigueiro,
que segue sempre o mesmo roteiro,
e na vida apressada esse pessoal,
numa procissão vai sempre pedindo,
na mesma mazela reza se iludindo,
nessa novela vai se consumindo,
e eu daqui observando tudo,
na tela da vida real.
Saulo Campos – Itabira MG