No Terceiro Dia

Na manhã seguinte,

Após a chuva da madrugada.

Procurou os chinelos...

No andor da cama,

Sentiu a dor nas cadeiras.

Sem pedir licença,

Trôpego caminhou na multidão,

Até a farmácia.

Na lida, em voz baixa se explicou,

Longe da compreensão,

Longe da atenção,

Recebeu o medicamento,

Mas não conseguia ler a bula.

Com pouca disposição voltou a casa,

Aflito quis fazer o café,

Mas já não se lembrava do açúcar,

Não lembrava seu nome.

Entardecendo o dia quis cingir o pijama,

Mas não conseguiu enfiar linha na agulha.

Com o frio que se apossava do corpo.

Ao léu chamou alguém,

Veio lhe a neta.

O que ela lhe falou não conseguia ouvir

Na dependência do mundo...

Deu-se conta que o tempo passou.

Margeou nos olhos umas lágrimas.

Depois se lembrou de um tempo que não voltará.

A repetir disse:

O tempo me oportunizou a vida,

Vivi preocupado e me esqueci que a gente envelhece.