CIRANDA
Vim pra cantar minha aldeia, cheguei pra cantar meu torrão, trazendo a poesia na veia, trazendo a viola na mão.
Quem me quer por perto me ama, quem quer me ver longe me odeia, sonhar é bom mesmo na cama, depois da barriga cheia.
Tem gente que possui tão pouco, outros têm em demasia, quem tem muito não divide, quem tem menos se der sai de mão vazia.
Nas quatro estações do ano, só passa o trem da saudade, levando nosso desengano, levando nossa mocidade.
Quando a gente assusta só resta, o vazio do nada que fez, a lembrança fazendo festa, e a esperança esvaindo de vez.
Na lida da noite e do dia, um dia os sonhos se vão, e no lugar da euforia, só nos resta a desilusão.
Eis a ciranda da vida, onde a gente se põe a girar, vai girando e não acha saída, volta sempre pro mesmo lugar.
Saulo Campos – Itabira MG