"Zé"
E vai o velho "Zé"
Mal o sol avermelha o céu,
Pés descalços na poeira
Calça enrolada até a canela.
Estrada ao infinito,
Vai dar onde o "Zé",
Arranca as esperanças
Depositando o cansaço.
À frente, o caminho,
Um dia inteiro de luta.
Atrás, no ombro, a enxada
O embornal surrado.
A boia fria
Do boia-fria.
Vai marcando, a terra,
Os pés descalços.
Um vai e vem,
Um vem e vai,
Do "Zé" esperança,
Na frente à frente.
Enxada gasta,
Esperanças empoeiradas,
Pegadas confusas,
O corpo arcado,
Marmita vazia,
E o "Zé" mais "Zé"
do que nunca...
Ademar Lopes da Silva
1988