TRONO FEITO DE CAOS

O tempo escorre por entre os dedos

Como a água que umedece a brisa,

Os ruídos de vozes imprecisas

Atormentam o homem desiludido

Do desejo de um mundo melhor.

Já foi fogo crepitando entre pedras;

Vendaval de sonhos incorpóreos

Passaram pela sua cabeça.

É um exilado na terra da miséria

Em companhia de muitas lágrimas.

Tenta escalar a íngreme montanha,

Mas escorrega no mar de lama

Da eterna cobiça humana,

Que exala fétido odor

De cemitério maldito

Onde gárgulas vivem em orgias.

Pedra em inclinado caminho

Rolando com os acontecimentos

Para um vale que ele quer verdejante

Onde possa restaurar a fé perdida

Nos outros homens e na vida.

Voltar a sonhar é seu propósito

Não importa o tamanho do sonho

Desde que nele presente esteja

A paz ao lado da justiça e da confiança.

Ver findo o diabólico culto

Ao sanhoso verbo TER

Que forra o templo de corpos,

E transforma homens em abutres

Que se locupletam de carcaças,

Depois sentam as gordas bundas

No trono feito de caos...

21/08/05.