metamorfose
no momento em que você
está dentro do texto,
nele imerso,
você pode ser um mago,
um ser desfocado,
deslocado até,
aloucado ou alocado
por uma fé
que te domina
– e você quer,
irreconhecível você é
e isto te dá chances
de parecer bonito,
esquisito ou esquizofrênico,
esquizofrêmito,
e fora do alcance
de outros seres,
embora nem melhor nem pior,
mas inapelavelmente diferente
quando você sai do texto
ou dele se livra,
ou sente aquele desconforto
que indica o fim da magia,
aí cai por terra o disfarce,
da máscara é o desenlace,
e você faz como todo mundo:
acha que a poesia
tem tudo a ver e a dizer
– era você que não via!