ESPERA
09/02/2007
São os primeiros dias de fevereiro de 2007.
Meu corpo acostumado às regras do organismo
Não obedeceu ao costume rotineiro.
Eu não me importei, afinal é bom não ter “incômodos”...
Mas a sua percepção foi surpreendente,
Maior ainda sua expectativa...
Chamou meus olhos de olhos de mãe,
Admirou fio a fio dos meus cabelos,
Passeou o nariz sobre minha pele
Inúmeras vezes,
Eu, na dúvida do sim e do não,
Desfazia-me em risos
Que eram retribuídos pelo sol da sua boca.
Meu sono foi enlaçado por seus braços,
Inúmeras vezes na noite
E quando não me percebia
Abria os olhos a procurar-me dedilhando meu lado do colchão.
Não imaginava sua luz na expectativa de tornar-se pai.
Não adiantou pedir-lhe calma, pois a resposta foi imediata:
_ Não sonha ter um filho meu?
E eu que pensei que sim...
Mas vi que sonha muito mais!
Se tenho olhos de mãe,
Pude perceber as faíscas de sua ternura de pai...
Seu carinho diferenciado,
Seus cuidados,
Até mesmo sua voz (que é de alto tom)
Ficar serena, mais macia, calma...
Marcante: quando a bonequinha, imã da geladeira
Você pegou. Um bebê de biscuit se transformou na personagem da
Espera. E colocando sua aliança sobre a cabecinha
Da boneca disse ser a princesinha do papai que está chegando.
Minha alma delirava com suas atitudes
Paternais antecipadas...
Vai ser o pai mais lindo do mundo!
Citou nossas características e se pôs a moldar
Na imaginação a tão sonhada espera...
No dia seguinte,
Não quis abrir os olhos para me ouvir falar que
Não foi dessa vez...
Calou-se quando perguntei se estava decepcionado.
Ficou na dúvida se esperamos mais ou se optamos por tentar
A partir de agora...
Preferimos nos curtir mais...
Em suas palavras: treinar mais!
Cuidar da terra, arar, sermos naturais e natureza...
Flores e frutos bons, com certeza, virão.
No âmago
Continua a espera,
Nossa espera pelo filho amado, pela filha amada.
Minha espera em vê-lo novamente girassol,
Luz intensa na alma
Sorriso iluminado...
Sua espera em descobrir meus olhos,
Olhos de mãe.