ESQUECIMENTO

Bem perto onde longe estava,

e certo de amar, rebelava

sonho e razão.

E junto ao peito um som ledo

crispava nos olhos: "é cedo

de sensação."

"As horas, as horas, as horas,

são flechas, são sabres, são floras.

Apenas são."

É messe no peito, é demônio

de olhos vidrados no argônio

beijando o chão.

Relido por fim disso tudo

que possa dizer e ser mudo

ao que dirão.

"As horas, as horas, as horas,

são flechas, são sabres, são floras.

Apenas são."

E louco será quem somente

amou de um amor penitente,

o nome vão?

Pois sabe o amor mais sentido,

ao ser do amor o sentido.

Do trigo, o pão.

"As horas, as horas, as horas,

são flechas, são sabres, são floras.

Apenas são."

Ou mar de saberes ausentes.

Amores? Amores são lentes

na escuridão.

Amar é saber de repente

deixar de amar, se pra sempre

esquecerão.