Perfume de perenidade
Nasci para o sol deste dia
Na imensa luz que sobre minha cabeça derrama
Eu vejo cada um
Cada amigo
Cada ser irmão
Vejo a natureza em festa
E sinto uma chuva de pétalas
Um perfume de perenidade
Ouço a cantiga do mar
Sinto nas mãos a seda das asas
De uma garça
O encanto branco de voar para além de mim
Eu toco a pele da natureza
E é como se a cada um acariciasse
Em toques de seda
Eu me vejo entre os de mim nascidos
E os que vieram depois
Eu me vejo no interior dos olhos que me leem
No pensamento dos que não me veem
E sou pequena e pequeno é o instante
Onde não cabe todo o amor
O que vi gigante
Por isto me assoma o desejo
Do beijo próximo e do distante
Meus braços pendem
Minhas pernas tremem
Minha boca não diz
O que eu pensei
O que desejei
O que aceitei
Inclusive o que não quis
Sou o pó da terra
Sou o sal
Sou o balanço da vela
O barquinho e a caravela
A concha na areia perdida
Eu me dou e nada quero
A não ser com o irmão estar
Na carne, na essência
Na brisa, nos pés que andam no deserto
Longe de mim,
Mas do outro dentro, perto