Primavera Estuprada
Rasgaram o útero do dia
Macularam as fantasias
Com o ópio da poesia
estupraram a primavera
Abortaram as quimeras
da verde estação
Torturaram as belas flores
que sonharam com
impossíveis amores
vestidos com o véu da ilusão
Sobre o panteon da dor
Azaléias tristes e aflitas
aos deuses suplicaram
uma gota de compaixão!
Apelo em vão!
Sangraram-lhe o coração
com o punhal da tirania
para aplacar a rebeldia
desta agonia em erupção
Que venha agora o inverno
mesmo com o frio do inferno
que congele para sempre
a negra desilusão
Ressuscite o fogo
ardente do verão
Cubra com o manto santo do amor
Desabroche uma nova flor
que dure o tempo que preciso for!
09/02/2005
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