Primavera Estuprada

Rasgaram o útero do dia

Macularam as fantasias

Com o ópio da poesia

estupraram a primavera

Abortaram as quimeras

da verde estação

Torturaram as belas flores

que sonharam com

impossíveis amores

vestidos com o véu da ilusão

Sobre o panteon da dor

Azaléias tristes e aflitas

aos deuses suplicaram

uma gota de compaixão!

Apelo em vão!

Sangraram-lhe o coração

com o punhal da tirania

para aplacar a rebeldia

desta agonia em erupção

Que venha agora o inverno

mesmo com o frio do inferno

que congele para sempre

a negra desilusão

Ressuscite o fogo

ardente do verão

Cubra com o manto santo do amor

Desabroche uma nova flor

que dure o tempo que preciso for!

09/02/2005

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Zena Maciel
Enviado por Zena Maciel em 20/08/2005
Código do texto: T44053