COMPANHEIRINHA
Antonieta Lopes
Tomando sol no alpendre eu espreito
Sobre o muro-pequena lagartixa,
Me olha o tempo todo, num trejeito
O pescoço minúsculo espicha.
Não se mexe, enquanto me deleito
Com tal criaturinha, cuja ficha
Não tem notoriedade, nem conceito,
Suave não provoca nenhuma rixa.
Na sua insignificância me espia
Só sai do muro quando me retiro
Será que preza minha companhia?
Ninguém quer ficar só, penso, confiro,
Até o menor dos seres aprecia
Amigos, concluí com um suspiro.