Barbeiro.
Corte de vida, corte de mundo,
Cortaste o contraste da calma,
De um golpe surdo de sorte
Pesadelo sem medo de trauma
Que o mudo canto da morte
Não cale o clamor de minh’alma
Apressando o avesso do início
Sinto poder me chamando
Na navalha empunhada
Nas gargantas sangrando
Sinto que a hora é chegada
Sinto o ceifeiro chegando
Não temerei pois meu fim
Que de morte fui aliado
Não querendo ser rogado
Tampouco perdão de mim
Só mais um corte em mente
Com o suspiro que me resta
E pra navalha reluzente
Dou minha garganta funesta
O sangue vai jorrar quente
Mas é sangue que não presta.