Gira e vai! Dá muitas voltas, anda a rodar,
anda de um lado para outro, a circular.
Perambulando, a vaguear, sem destino,
num vítreo retículo cristalino,
gira na roleta de um cassino clandestino.
Na lida, cavando a vida, na mesma medida,
circunda os obstáculos, atiça as valentias,
gira e vai, numa ação intrépida e destemida
reaviva os ânimos, reponha tantas energias.
Gira, gira e vai. Girando, dando voltas,
acalma, abranda, apazigua as revoltas,
apascenta, torna tudo em meu favor.
Não deixe que se frustrem os desejos,
por não ter mais empenho, mais rigor,
nem que se apaguem os lampejos.
Alinha as paixões em torvelinho,
como a água gira a pá do moinho,
como a brisa gira o catavento,
resolve tudo, torna a meu contento.
Gira, vira gira o sol. Girassol a girar,
em tantos movimentos vespertinos,
resolve pendências, reafirma vigores,
domina e contem todos desatinos.
Gira, vira e volve aos meus favores,
gira ao meu serviço trazendo-a para mim