Limiar
No arranhar incerto
Da poeira que recobre o passado
Traços ardilosos se revelam
Sob a luz pálida da perspectiva
Tão atuais quanto outrora
Como uma aparição de fantasma
Que se despede e não vai embora
Fica vagando de quarto em quarto
Recorrendo às sombras
Para esconder a presença imprópria
Incontido no limiar da consciência
Que avança e recua
Como as ondas gigantes que no mar moram
Como nômades que dominam a paisagem
Até extinguir os recursos
De tudo o que tocam
O olhar te percorre com agilidade
A fragilidade me escapa
A tristeza me devora
Palita os dentes com meus ossos
E os jogam fora
Começo a perder o sentido
E o intento de me fazer fortaleza
Se esvai durante as horas
Que de vigília permaneço
Crudívora
Metáforas reduzidas
Que a saudade elabora