[Do entendimento...]
[Se fosse para ser simples, eu desistia logo...]
Assim, como um animal à procura
de luz além da estreita passagem:
... e então, eu caminharia por entre as cortinas
das águas que descem das colinas do mundo
e formam os líquidos e impermanentes véus
que cobrem os barrancos que eu não venci —
o [meu] entendimento perde-se nos vórtices d'água
que consomem o meu olhar aflito, interrogante!
É como se um sarcástico alguém, debaixo
da mesa em que o meu desejo de entender
só se alimentava, ávido, do desejo do outro,
puxasse a toalha por um furo no tampo...
... e tudo, tudo que estivesse para, enfim, ser entendido,
o desejo, isto é, a carne da carne viva do desejo de amar,
e até o próprio fio de trilhar o labirinto do mundo,
fosse tragado, num instante, por esse furo insubstancial —
seria esse furo, esse tal furo, o olho do cu do mundo,
o olho por onde a Morte lança sua teia escura, fatal?
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[Desterro, 21 de julho de 2013]