Lá Caverna
Olhe bem!...
Em qualquer direção,
E verás que nas ruas,
Nas esquinas ou nos semáforos,
Nos morros ou palafitas teus filhos vagam órfãos.
Quem cuida da saúde? Quem cuida da escola?
Quem cuida da segurança?...
Mas é desde a infância,
Que se paga pra viver.
Quem olha por você?...
E se julgar pelo que se tem,
Sem cepticismo,
O jeito e ver TV.
As nossas meninas não param de ter bebê,
São açoitadas dia e noite,
Pelos programas do ter para ser.
E acabam de norte a sul povoando as terras,
Com futuros ou esperanças atrofiadas.
Quando não, chegam à prostituição como universitárias;
Chegam a prisão como vagabundas.
Há quem pergunte se é opção ou culpa do Estado.
Uns dizem que é falta do que fazer;
Outros, que é vontade.
Se pensarmos à luz do dever,
Há que se dizer, que ninguém é disciplinado.
Mas todos querem pra si o ouro do rei ou os efeitos do poder no reinado.
É possível viver sem olhar para os lados;
No entanto, a pedra bruta cairá sobre a sua cabeça;
O verme parasita, que habita o marasmo da dor,
Quando provar do amor,
Virar pedir contas de sua fome,
De seus filhos perdidos e de sua miséria absoluta.