Perdoa-me.
Bancada de mármore branco
Permanece deitada
Morte sem vida
No fim de uma estrada
Ziper abrindo
Alma liberta
O bisturi corta
O corpo de quimera
Dilacera pedaços
Espalha-se pelo chão
Era o corpo de Narciso
Já sem ação.
Memórias são comidas
As carnes vão
Passou pela vida
Encontrado num porão
Ninguém sentiu falta
Nem ligaram pelo desaparecer
Da vida foste tirada
Antes do eclipse acontecer.
Foi atrás de um sonho
Mas nao viu acontecer
Descobriu que o amor não era justo
Então decidiu morrer
E numa manha de primavera
A corda de flores puxou
Desligou a cabeça do corpo
E agonizou
Arrependido de chamar a morte
Tentou descer
Da cabeça o corpo já não fazia parte
Não sentia mais viver
E fechou os olhos
Um filme se passou
Morreu sozinho
O amor nunca o achou
Empacotado foi
Entregue num carro preto
Aberto,
Laudado
Despachado
Enterrado como indigente
O inicio do fim
Achou que fosse descansar
Da maldade dessa gente
Mas vagando continuo
Pelos caminhos da mente
Pela minha eternidade
Nunca fui feliz
Nunca deixei saudade
Não fiz o que quis
Não quero sua compaixão
Nem sua pena ou acolhida
Espero somente a Morte amiga
Venha calma, serena, tranquila
Apague desse mundo
Essa existência medíocre e sofrida.
Na vida do começo
Na morte não há fim....
Corpo sem vida, estirado no chão vagueia pela eternidade buscando auto perdão.
Perdoa oh minh'alma daquilo que não pude fazer,
A estrela que morreu para brilhar não conseguiu nascer!!