Na piedade da mulher que rezava

Enquanto a estrada passava no fim da tarde

Entreguei-lhe um a um os pensamentos

Tudo o que já vi, escutei, toquei e li

Entregava e sentia sob o sol cujo olho d’ouro seguia

As cinzas calmas, silentes

A terra passando verde, verde

Abandonei tudo

Para sempre

Dentro da solidão da noite que se aproximava

Na piedade da mulher que rezava

Sob as folhas, entre os dormentes

Tudo fui entregando

Ao eterno da natureza

Aos voos dos pássaros noturnos

Para que eles contem o que ouviram

À lua, ao temporal, aos ventos