HIPOTENUSAS PSICODÉLICAS

O salto quântico

salto para o abismo,

as testas rotuladas

os banners do cinismo.

Do macaco ao Homo sapiens

das árvores para o chão,

das feras para as bestas

o salto da evolução.

Do relativo... A relatividade,

o túnel do tempo... A curvatura,

a sequência mapeada... O DNA,

as doenças e a morte... Rupturas.

A matemática exata criou dízimas periódicas,

o homem criou monstros, criadores e criaturas,

somos restos, pó de estrelas sem raiz quadrada,

carregamos a fé num desenho cego, caricaturas.

Criadores e monstros, nós criamos Pearl Harbor,

criamos também o espetáculo de Hiroshima,

“humanos” nós deixamos resto de carne queimada,

aonde antes existiam rosas e sorrisos de meninas.

O salto quântico

salto para o infinito,

um falso zodíaco

faiscando num céu bonito.

Do fogo para as queimadas,

das florestas para o cimento,

dos rios repletos de vida

para depósitos de excrementos.

Do vício... Uma viagem sem volta,

vidas sugadas... Poucos lamentos,

do dedo no gatilho... À bala, o tiro, o alvo,

um mosaico de sangue... Morte e silêncio.

O nosso equilíbrio por hipotenusas capitalistas,

alguns bolsos vazios, outros saindo pelo ladrão,

antidepressivos, a cocaína, o crack, vodca e gelo,

carro do ano, as esmolas, as favelas, a mansão.

Somos psicodélicos saboreando um sorvete Tutti Frutti,

baratinados e consumidos pelo desejo de fuga do inferno,

atormentados ao descobrir que para um caixão de ossos,

num túmulo de sete palmos não haverá nada de eterno.