Fração de segundo
Na cabeça do velho
Cabelos brancos de tanto pensar,
Prateados pelas lembranças
Quebradiços e sem brilho
Dos tropeços nos batentes
E nos degraus do caminho
Da infância à velhice
Um pulo no traçado da "amarelinha"
Velho sente falta de mãe
Do cheiro e do colo
Da historinha repetida
Do beijo de boa noite
Muita coisa se perde na lembrança
Mas elas estão lá, em algum lugar.
E quando as encontra
Sorri como menino
Do vai vem da gangorra
Da gaiola do passarinho
Velho não tem passado.
Presente e futuro se misturam.
Caminha para outro tempo
Seguindo a rota da esperança,
Segurando nas mãos trêmulas
As mãos de seu amor.
E de repente, como a luz que se apaga
A eternidade se faz fração de segundos.