Na hora da morte
Na hora da morte a alma silencia.
Apenas ouve os sons da vida
Nos ventos e nas águas
No fogo que estala
Na madeira exalando cheiros
No bater de asas
Nos passos dos homens na calçada
A alma apenas ouve, imóvel
Os gritos dos bichos dentro de si
Que rosnam, urram, uivam
Na ânsia de liberdade
E aos poucos se transformam
Em zumbidos, trinados e gorjeios
Até o voo final
Na hora da morte a alma serena.
Despede os bichos criados
Que transformados se vão, alguns
Alguns permanecem apaziguados
Na hora da morte a alma se refaz
Meio criança... meio velha
Ouvindo uma canção de ninar
Querendo colo, aponta para o céu.