À noite
Cansado morto de sono
Os tic - tac do antigo relógio
Já tinham ido dormir
O candeeiro âmbar começava
A se apagar
O tinteiro sem tinta
As teclas da negra Royal
Machucadas
As fitas tinham se acabado
Sem papel almaço
Sem pergaminho algum
Sonolento começo a escrever
Os poemas nas asas das mariposas
Que esvoaçavam nas chamas
Da lamparina
Nas asas de uma libélula
Alvoroçada
Nos guardanapos
Nas bordas dos pratos
Com o amarelo da mostarda
Lembro que escrevi um poema
Num BAND – AID
E colei no meu coração ferido
Que mesmo com as gotas
Que sangrava
Desprezado pela vida
E pela amada
Recitava aqueles versos
Em plena madrugada
Com aquela hemorragia
Apaixonado.
Luiz Alfredo - poeta