À Luz Mortiça da Candeia
À Luz Mortiça da Candeia
Fui ouvir cantar o fado,
Naquela velha taberna,
Sai de lá fascinado,
Com aquela voz doce e terna,
Que me deixou encantado!
Cantava a cantadeira,
Com tristeza a sua sina,
Sentada numa cadeira,
Tendo ao colo sua menina,
Ouviu fado a noite inteira!
À luz mortiça da candeia,
Que a sala mal ilumina,
Naquela casa cheia,
Como a tradição determina,
Pão e vinho para a ceia!
Na madruga a lavadeira,
Para o rio seguia,
Na rua era a primeira,
Quando ainda mal se via,
Já estava na ribeira!
Enquanto a rua subia,
O pregão da peixeira,
Bem alto se ouvia,
Atrás dela a leiteira,
O leite à freguesa vendia!
Já ao romper do dia,
Passa agora a carvoeira,
Que a mesma rua descia,
Apregoando à sua maneira,
O carvão que na saca trazia!