NÁUFRAGO
Por que fui me iludir e me encher de desejo
se era pra ser no ensejo um simples beijo de amigo,
mas um sentimento antigo invadiu meus pensamentos
aflorando os sentimentos e agora o que é que eu faço,
com o poema inacabado, sem o refrão da cantiga,
coração no descompasso não quer chamar-te de amiga.
Essa fadiga no peito vai causando arritmia,
se o verso ausenta de mim faz calar a poesia,
que num grito sufocado pede ainda renitente
feito quem pede calado que nos amemos somente.
No desalento me encanto com qualquer lembrança à toa
olhando tua foto canto, mas meu cantar desentoa.
O coração vai sangrando com tamanha dissonância,
a saudade apunhalando minando toda a esperança.
Entre teu beijo e teu riso sou náufrago a me afogar,
buscando pelo farol no desdém do teu olhar,
vou ruminando a tristeza, pois a alegria se esquiva,
mas se em ti tudo é beleza, não vou morrer à deriva.
Saulo Campos - Itabira MG