BILHETE NA GARRAFA

BILHETE NA GARRAFA

Entrei de cabeça nas promessas de amor,

Acreditei no “para sempre vou te amar”,

Para mim foi uma viagem no deserto sem volta,

Um cruzeiro pelo espaço sideral,

Como achei que a promessa era real...

Então...

A encenação acabou.

Na ilha perdida num espaço distante,

Eu e ela e apenas um amor,

Apenas um coração com sentimento,

Ela pegou nosso barco e da ilha (planetoide) partiu.

As cortinas do palco fecharam...

As luzes de Las Vegas eram papel alumínio,

O castelo encantado era pintado num muro sem reboco.

Cadê a menina/mulher que queria me amar para sempre?

Enquanto subia em nossa única nave

Ela começou mostrar sua face,

Tirou sua peruca,

Tirou sua maquiagem,

Andou nua pelo palco...

Palco?

Estaria eu alucinando pela dor da perda?

E me abandonou...

Deixou-me sozinho naufrago,

Num planetoide solitário,

Minha estima caída pelo chão,

Em um universo em expansão caótica.

Eu com o rosto borrado pela maquiagem,

Preso num planetoide solitário,

Lanço um bilhete ao mar de pessoas,

Numa multidão de olhares famintos,

Onde ao saber que largado numa ilha

A caça começava e o premio sou Eu...

Sou unicórnio a muito instinto,

Sou pássaro Dodô.

Mas a estima está derretida pela promessa não cumprida,

Apenas me vejo como mais um em trilhões,

Mais um isolado numa placa de petri,

Um num planetoide sendo atraído para uma supernova...

Quero uma historia nova.

Um amor talvez de verdade,

Mas não acredito, mas no amar.

Só me decepcionei com o amor,

A emoção não leva ninguém a lugar nenhum;

Quem leva é a razão.

A emoção é o tesão que impulsiona,

Mas é nave sem leme

A deriva no espaço.

Um respiro de coragem,

Direciono a garrafa,

Apenas meu nome

E o lugar de meu planetoide.

Quem ira encontrar minha garrafa?

Onde a garrafa irá parar?

O que aquele ato desesperado causará?

Penso no olhar faminto de lobos,

No silencio de meu camarim faço uma oração,

Penso que mão o bilhete parou,

Que conjunção estelar no céu estava esse encontro.

Imagino-me num grande palco.

O contato é feito,

A garrafa foi achada,

Seria apenas mias uma personagem divina?

Dessa brincadeira chamada vida?!

Num ato de improviso agradeço a Deus,

O socorro veio?

Ou seria um caçador?

Apenas o tempo me dirá...

André Zanarella 03-07-2013

André Zanarella
Enviado por André Zanarella em 18/07/2013
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