Sobre as Águas, Sob o Mar
Sou barco à deriva
Num mar revolto.
Baldes de medo, pingo de vida
-Eis o que tenho ao meu entorno.
Me estenda a mão,
Emudeça o vento,
Acalante o mar,
Enquanto suplico em oração:
-Não me permita naufragar.
Com olhos encharcados e lábios enxutos
Caminho trançando as pernas nas águas.
Basta-me sua vinda pra que eu volte ao curso,
Um gesto ou uma única palavra.
Porque nos seus braços encontro sustento,
É ali que meu desespero repousa
Cândido, manso, sereno
Até que brilho de sua graça me envolva.