Autocomiseração
O poeta é um chorento.
Chora tão completamente
Que chora a todo momento
Mesmo quando o choro mente.
E os que leem o que chora
Em seu choro sentem bem
Não o choro que põe fora
Mas o choro que ele não tem.
E assim nas rodas de calha
Vai desfolhando seu pranto
Esse fiapo de palha
Que se chama desencanto.