POUCOS OLHOS P'RA SER ALGUÉM
Dos goles de cólera que bebo,
nunca o sangue dos inocentes
é o predileto,
só o culpado tem a vicissitude
temperada pelo medo
Cães saltam das veias
e sombras dão forma à poeira
quando o escândalo eclode
na palidez ignara do ser,
pois o limite da paciência é delineado
pelas estrelas podres da confiança
Houve quedas no descaminho,
qual a submissão da cortesã
quando se acreditava princesa?
O larápio dominou a senha
para que o banqueiro atirasse na cabeça,
claro está que a vertigem é código
e só os especiais conhecem o palmo
entre o cordel e a tragédia/
que natureza animal
caracteriza os santos
Tenho poucos olhos p'ra ser alguém
em transe no universo,
na verdade, como conceber abastardâncias
se a fé pública exige baixeza?
O quadro sangra crimes
que as paredes não conseguem conter,
quanto de ânimo mantém o estranho?
O tempo é de insensatez,
nenhum facínora permanece
pelo que fez,
o tarot libera a melodia
da morte que não se anuncia,
apagadas portas e janelas
o que resta da casa
quando delírio acompanha nudez