Um beijo leve
Um beijo leve,
um floco de neve,
uma brasa incandescente,
um poeta inconsciente,
rimas vãs e feias,
envoltas em novelos e teias,
perdidas na noite nublada,
onde tudo virou nada.
O mudo gritava
o cego via
o surdo ouvia
e antes de entender o que acontecia
a noite virou dia
e a confusão desvaneceu
recolhi o que era meu,
o poeta era eu
e a surdez voltou,
a cegueira voltou,
voltei a ser vazio.
lancei me para o rio,
estava frio,
tremi,
mergulhei e desci,
subi e cresci,
assustei-me e fugi
pois enfim percebi
que ser poeta não é ser rei
é ser vitima do ser
que amanha, ontem e hoje matei,
mas voltei e ressuscitei
dia após dia
simplesmente por magia
e voltei a cometer o crime
com o medo que me oprime
e como mendigo pede esmola
peguei na pistola
e com ela escrevi
o primeiro verso para ti:
"Um beijo leve"