Um beijo leve

Um beijo leve,

um floco de neve,

uma brasa incandescente,

um poeta inconsciente,

rimas vãs e feias,

envoltas em novelos e teias,

perdidas na noite nublada,

onde tudo virou nada.

O mudo gritava

o cego via

o surdo ouvia

e antes de entender o que acontecia

a noite virou dia

e a confusão desvaneceu

recolhi o que era meu,

o poeta era eu

e a surdez voltou,

a cegueira voltou,

voltei a ser vazio.

lancei me para o rio,

estava frio,

tremi,

mergulhei e desci,

subi e cresci,

assustei-me e fugi

pois enfim percebi

que ser poeta não é ser rei

é ser vitima do ser

que amanha, ontem e hoje matei,

mas voltei e ressuscitei

dia após dia

simplesmente por magia

e voltei a cometer o crime

com o medo que me oprime

e como mendigo pede esmola

peguei na pistola

e com ela escrevi

o primeiro verso para ti:

"Um beijo leve"

Gilinho
Enviado por Gilinho em 17/07/2013
Código do texto: T4391438
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.