Porto
Em que horas, meu porto desbotado,
Tornei-me musgo das tuas táboas?
Tornei-me alga das tuas barreentas águas?
Diga-me, ó porto, qual foi meu pecado!
Sendo assim, ó porto de madeiras,
Deixe-me navegar sem remo ou proa,
Aproveitar desse mar a parte boa
Das marés com as pedras as brincadeiras...
Ó porto egoísta, por que mentis para mim?
Sendo eu barco a deriva, meu porto,
Para que tratar-me assim?
Ó porto, cheio de névoas e olhares
Por que os homens não se calam
Se tuas tristezas chorares?