Inseto
Eu sou o que sonho.
Sou alma, abrigo e lugar.
Sou mar líquido e sereno,
Debruçado pleno.
Em ondas, espumando,
Lambendo a areia do mar.
Sou feio e indigesto,
Por vezes não presto.
Mais que ofensa no gesto,
Aos gritos me manifesto.
Sou sonho, não funesto.
Assim sigo inseto.
Multiplico e me infesto.
No canto e verso desta canção.
Sou resto de tudo que presto.
Migalhas e duras penas.
Gomos fechados, concreto.
Exceto, quando queres me amar.
No dia a dia discreto me chamo inseto
Nem por decreto vão me exterminar.