ODE AO AMOR MALDITO
Adentra a barca sombria
no cais de veneno
venho vindo em teu encalço
e é firme meu leme
desde que me fiz de forte
desde que lancei me ao mar
O momento é de loucura
remendo a capa rota da esperança
com fios de desânimo
que se rompem ao menor movimento.
Assim tão maltrapilho
às portas do teu país
sou levado às pressas
para algum porão insuspeito
aonde vais
de madrugada
observar minha nudez
em estado de agonia.
De volta ao mar desengano
despojado de quase tudo
sustento o fardo pesado
dos teus olhos
esmaecendo
e a vergonha de ter vindo
a teu convite
de estar vivo e no limite
a escandalizar a corte
com a delicadeza dos meus versos
e os sentidos pelo avesso.